Chuva Pasmada
Stunned Rain

2010 | teatro • theatre | ator • actor

“Chuva Pasmada” é realizado em parceria de Eduardo Okamoto e Alice Possani, do Grupo Matula Teatro.

Indecisa entre céu e terra, a chuva não cai: uma chuvinha suspensa, leve pasmada, aérea. Ninguém se recordava de um tal acontecimento. Aquele lugar poderia estar sofrendo maldição.

“Chuva Pasmada” encena o conto homônimo do escritor moçambicano Mia Couto. O espetáculo, no entanto, não procura, em chão de África, a imagem da terra árida; entrevê, nas relações humanas, centelhas de gotas que não se desempenham. Como uma inundação sem chão, esta chuva é cada um e, ao mesmo tempo, todos nós, que nascemos água e morremos terra.

No espanto de uma chuva que não cai, “Chuva Pasmada” esconde-nos, como em enigma, a imagem oposta: sonho e intenção de um rio sobrando da terra. No fluir infindo de uma correnteza sempre nascendo, reinventamo-nos outros – sempre! “Chuva Pasmada” lembra-nos: há rio e canoa. Façamo- nos, nós mesmos, remos.

“Stunned Rain” is a partnership between Eduardo Okamoto and Alice Possani, from Grupo Matula Teatro.

Torn between the sky and the earth, the rain wouldn’t fall down: it was held in abeyance, gently drizzling in the air. No one could ever recall living a similar phenomenon. That place might have been cursed.

“Stunned Rain” brings to life the namesake tale by Mozambican writer Mia Couto. However, the play does not intend to depict Africa’s arid land, but to catch a glimpse of human relationships instead, as if they were sparkling raindrops that never happen. Just like a flood without a floor, the Rain is each and every one of us and, at the same time, all of us together: we are born as water and we die as dust.

In the astonishment of a rain that never falls down, “Stunned Rain” hides within itself the opposite image, like an enigma: the dream of a river gushing from the earth. In an endless flow that is always coming back to life again and again, we reinvent ourselves in order to be somebody else. “Stunned Rain” reminds us that the river and the canoe exist. May we be the oars!